É preciso que você entenda que vai cair em algum momento.
Quanto mais alto você subir, quanto mais você alcançar, quanto mais você se
esforçar, maior vai ser o impacto quando você for derrotado.
É preciso que você entenda que tem todo o direito de se revoltar
contra isso, de chorar, de achar injusto o resultado, de querer amaldiçoar o
destino. Mas isso não lhe dá o direito de não reconhecer a vitória do outro,
como desejou que reconhecessem a sua vitória.
O famoso Espírito Olímpico se baseia justamente nesse
princípio, de que não importa quão bom você seja, vai acabar sendo superado em
algum momento, provavelmente no que mais precisar vencer. Mas não importa
quantas vezes você caia, e sim quantas vezes você vai conseguir se levantar e
começar de novo.
A grande batalha na vida não é necessariamente contra a
adversidade que sempre vai aparecer, mas contra si mesmo. E essa é a mais dura
batalha. A vida sempre vai bater forte, vai cobrar o máximo, vai fazer todas as
suas conquistas serem apenas uma página virada, tão logo sejam conquistadas.
Você pode perder muitas vezes, mas jamais pode se deixar
derrotar. E a derrota vem quando deixa de acreditar que pode fazer de novo, que
pode tentar outra vez. E pode até se surpreender que a sua melhor vitória não
tenha sido alcançada no seu melhor empenho, mas por uma conjunção de fatores
que fez com que, naquele momento, fosse tudo o que precisava ser feito, e você
fez.
Jogos Olímpicos são ótimos para ilustrar essas lições.
Quantos conseguem avançar de forma implacável nas preliminares, derrotando
favoritos, apenas para perder no pior momento em que isso poderia acontecer e
ver todo o trabalho de anos se esvair em poucos segundos de um resultado
negativo?
É fácil ser um vencedor. Somos treinados e impulsionados
por todos os lados para que sejamos vencedores. Cobrados o tempo inteiro para
ser vencedores a todo momento. Cobrados para continuar sendo vencedores, mais do
que os que nunca o foram. Só não somos treinados para lidar com o resultado
negativo que, invariavelmente, vai nos alcançar.
É nesse ponto que se pode reconhecer os vencedores de verdade.
Talvez não entre os que recebem os louros da vitória, mas entre os que apesar
da derrota continuam acreditando no que fazem e sabem reconhecer que alguém foi
melhor, o que não invalida o fato de que fez o melhor que podia naquele
momento.
Há aqueles que ao alcançar o topo, acreditam que conquistaram
o seu lugar de direito, comportam-se como se apenas confirmassem um fato
natural. Mas esse é o primeiro passo para a queda inevitável. Serão vencidos
pela própria base que não construíram para se manter acima. E as bases são
feitas sedimentando ao longo do caminho as derrotas e as falhas, aprendendo a
lidar com elas como sendo naturais em um processo que é doloroso, difícil, que
vai exigir constantemente a dedicação e a coragem de superar os obstáculos
internos e externos, aceitando o que pode e o que não pode ser feito, e se
preparando para ir além, depois de conhecer bem os próprios limites.
Deveríamos estar sempre atentos aos que fazem dos
resultados ruins a base onde construirão a sua fortaleza, porque não é
apostando no que somos bons que se vence, mas trabalhando no que precisamos
melhorar. E cair pode ser o melhor impulso que recebemos para voltar a subir. E
aplaudir os que conseguiram se superar e nos superar é agradecer por terem
mostrado que é possível ser feito, que sempre haverá uma chance única de ir
além, e depois outra chance única de tentar novamente.
O maior salto que se pode dar, tem que pressupor a queda
que inevitavelmente se dará, e esta é a que determinará quantos e quão alto
poderemos saltar de novo e de novo, porque vencedores são aqueles que sabem que
é preciso se levantar sempre, até que se possa descansar em paz.
O Espírito Olímpico muitas vezes é melhor representado por
aquele que está quase em último lugar, mas acaba arrumando forças para apoiar o
adversário que está quase desistindo, e ambos chegam ao final da prova como
vencedores no seu pior momento, pois só nos piores momentos é que descobrimos o
quão vencedores podemos ser.
Danny Marks
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